A SEXUALIDADE ATRAVÉS DOS TEMPOS
Nos primórdios da civilização, segundo as teorias de ENGELS (1982), as atividades sexuais eram livres entre homens e mulheres, sem que isso tivesse uma conotação de promiscuidade. Os filhos descendiam da linhagem materna, pois só se sabia com certeza quem era a mãe, e os grupos familiares formavam os clãs.
Nessa forma de organização familiar, o sexo passa a ter como objetivo a reprodução; as mulheres se tornam submissas aos maridos, a quem se mantêm fiéis sexualmente; o mesmo não ocorre com os homens que podiam manter atividades sexuais fora do casamento.
A nossa civilização ocidental tem suas raízes entre o povo hebreu, de quem foram herdados os princípios morais, legais e religiosos. Os hebreus adotavam a forma patriarcal de casamento e o consideravam de cunho divino. Da mulher era exigido que se mantivesse virgem até o casamento e a castidade de homens e mulheres era exaltada.
Entre os gregos, a função reprodutiva também era a mais importante no casamento, uma vez que havia necessidade de homens para as infindáveis guerras de conquistas de novos territórios. As meninas eram educadas para as tarefas domésticas e preparadas para se casarem logo após as primeiras menstruações e geralmente com homens mais velhos. Os meninos, ao contrário, eram desestimulados ao casamento antes dos 21 anos de idade e as masturbações eram condenadas pelo medo do enfraquecimento e perda de energia. No entanto, o homossexualismo era estimulado, mas somente com os mestres responsáveis pelo desenvolvimento moral e intelectual dos jovens aprendizes, até que estes terminassem seus estudos.
Os romanos assimilaram grande parte da cultura grega e a riqueza do vasto império dos césares permitia festas suntuosas para a elite dominante, onde o prazer sexual era apenas parcialmente restrito.
Podemos acrescentar ainda que, nesse final de século, o poder da ciência e da tecnologia vem ditando novas regras, estabelecendo permissões e proibições para os relacionamentos sexuais.
Até hoje vimos uma sexualidade fortemente influenciada pelas idéias cristãs, culturais, políticas e econômicas, nas quais a iniciação sexual da mulher deveria se dar no casamento e ter fins procriativos, enquanto ao homem eram permitidas a prática sexual e a busca do prazer fora dos limites do matrimônio.
O amor romântico, juntamente com outras mudanças sociais, afeta a visão sobre o casamento até então e suscita a questão de compartilhar, de intimidade do casal e ajuda a separar o relacionamento destes outros aspectos da organização familiar. O sexo se une ao amor e começa a fazer parte do casamento, dada a possibilidade de escolha do parceiro.
Durante muitas décadas, o amor romântico manteve-se associado ao casamento e à maternidade, reforçando a idéia de que o verdadeiro amor uma vez encontrado é para sempre.
A SEXUALIDADE NO BRASIL
Na sociedade brasileira, em virtude da influência portuguesa em nossa colonização, a sexualidade dentro do casamento não se deu de forma muito diferente da que aconteceu na Europa; que defende a família patriarcal, como o principal modelo de poder na organização familiar, em que só se admitia o desejo e o prazer sexual do homem fora do lar com prostitutas ou mulheres pobres (brancas, negras, índias e mestiças), por isso elas se tornavam a companheira sexual preferida para o homem branco e também para a iniciação sexual dos meninos.
A esposa, geralmente portuguesa ou espanhola, tinha uma posição social de destaque, mas, estava confinada a um mundo anti-sexual. A sexualidade para ela resumia-se à reprodução da raça e essa era a educação passada de mãe para filha.
Por outro lado, CONCEIÇÃO (1988) afirma que, tanto para homens como para mulheres, a educação sexual sempre foi ostensivamente repressora. As regras sociais vigentes só aceitavam, para os jovens, o exercício da sexualidade dentro do matrimônio e mesmo assim limitado à reprodução.
Esse esquema se manteve estável até meados da década de 50, quando se desencadeou, na Europa, o "movimento beat" com reflexos no Brasil. Esse movimento, representando uma contestação dos jovens ao modelo social vigente, trazia em seu bojo a "revolução sexual", pregando uma nova concepção de sexo desvinculado de compromisso, o uso de drogas e novos hábitos de vestir e falar.
Segundo a autora, esse movimento trouxe a oportunidade para que o homem avaliasse seu comportamento sexual e repensasse a opressão que vinha vivendo há várias gerações.
Na década de 60, segundo SALES (1988), um outro movimento começa a tomar vulto, o "movimento hippie", que surgiu como uma grande esperança de derrubada de muitos mitos políticos, culturais, sociais e entre eles os sexuais, como o da virgindade e da superioridade masculina.
Novos conceitos começam a ser discutidos como o direito ao prazer sem restrição, a liberação sexual da mulher através da pílula anticoncepcional e a produção, em larga escala, de revistas pornográficas.
Segundo CONCEIÇÃO (1988), vários estudos sobre sexualidade foram iniciados mostrando que a sociedade vigente desvinculava o sexo da natureza humana.
O homem, apesar de acreditar no seu direito de buscar o prazer e o seu exercício pleno, vivia em conflito entre esses ideais de liberdade e uma educação sexual rígida da qual era fruto.
O exercício da sexualidade por homens que foram educados sob repressão, não lhes dava liberdade e nem sempre trazia benefícios, podendo mesmo haver prejuízos e cita como exemplos mais relevantes dessa situação o uso do sexo para agredir o sistema, o sexo com finalidades econômicas, além de sua exploração e vulgarização pelos meios de comunicação de massa.
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